No dia 17/02, foi realizada na Casa de Leis uma solenidade, em que foi apresentado pelo Setor Pastoral Cruzeiro da Diocese de Lorena o tema da “Campanha da Fraternidade Ecumênica (CFE) 2016”, conforme os termos da Resolução nº 257, de 30 de junho de 2015.

Representando a Câmara, estiveram presentes o presidente Diego Miranda (PSDB), o vice-presidente Charles Fernandes (PDT), o primeiro-secretário Thales Gabriel Fonseca (PCdoB) e os vereadores Antonio Carlos Marciano (PTB), Carlos Alberto Ribeiro (PR), Juarez Juvêncio dos Santos (PSB), Marco Aurélio Siqueira da Rocha (PR), Mário Notharangeli (PT) e Sergio Antonio dos Santos (PDT). O segundo-secretário, Antonio José Tavares (PTC), não pôde comparecer por conta de uma emergência odontológica.

A solenidade foi presidida pelo vice-presidente Charles Fernandes (PDT), acompanhado na mesa pelo diretor do SAAE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Cruzeiro), Luiz Horta, pelo pastor da Igreja Evangélica Congregacional de Cruzeiro, Robson Cotrim, pelo padre da Paróquia de São Pedro (Lorena), Leandro Pereira, pelo secretário de Educação, Mário Costa, pelo padre da Igreja Nossa Senhora de Fátima (Cruzeiro), Valdecy Ferraz, e pelo representante do COMDEMA (Conselho Municipal do Meio Ambiente), Elias Adriano dos Santos.

O cerimonialista Evando Machado conduziu a sessão, apresentando o tema da Campanha da Fraternidade deste ano, que tem como objetivo o debate de questões relativas ao saneamento básico, desenvolvimento, saúde integral e qualidade de vida aos cidadãos. O tema da Campanha é “Casa comum, nossa responsabilidade”, e o lema, “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (Am 5.24).

Mais conhecido projeto de evangelização da CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil), a Campanha da Fraternidade deste ano, por ser ecumênica, reúne também em sua organização as cinco igrejas que integram o CONIC (Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do Brasil), além da Aliança de Batistas do Brasil, do Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização em Educação Popular e da Visão Mundial, e tem também caráter internacional, pois a Misereor (entidade episcopal da Igreja Católica na Alemanha) integrou-se a ela.

O vereador Carlos Alberto Ribeiro (PR) leu a Resolução nº 257/2015, e o vereador que a propôs, Sergio Antonio dos Santos (PDT), falou sobre o tema da Campanha. Remetendo às referências bíblicas, Sergio Antonio exaltou o caráter ecumênico, e abordou o tema da “casa comum” a partir do livro do Gênesis, tratando da relação dos seres humanos entre si, e também destes com a natureza, que deve ser tratada com “gratidão e respeito”.

Comentou ainda o lema da campanha, extraído do livro do profeta Amós, que para ele representa uma denúncia social que configura uma pregação profética válida nos dias de hoje, e comentou a forma como é retratada a água no livro do Êxodo.
Após apresentar dados sobre o saneamento básico no Brasil e no mundo, o vereador concluiu que há água em abundância no planeta, porém pouca água disponível para o consumo, sendo essencial que os cidadãos entendam como são tratados os recursos hídricos e os resíduos sólidos em suas cidades, e que para cuidar da “casa comum” todos estejam unidos para agir diante dos erros humanos e do alerta da própria natureza, para poder fazer “com que o paraíso perdido torne-se um paraíso recuperado”.

“Ver, julgar e agir”

A seguir, foram apresentados os três pontos em que está dividida a Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016 – “ver, julgar e agir”. O padre Leandro Pereira, representando a Diocese de Lorena, começou detalhando o primeiro ponto – “ver”, apresentando mais alguns dados sobre a situação atual do saneamento básico no Brasil e no mundo.

Citando o hino da Campanha, que expressa que “o saneamento de um lugar começa por sanear o próprio coração”, o padre relatou que o objetivo é conscientizar as pessoas e instituições, sendo que o tema e o lema marcam duas dimensões básicas: “o cuidado com a criação e a luta pela justiça”, sendo importante atentar para a fragilidade e, em alguns lugares, ausência dos serviços de saneamento básico em nosso país.

Neste contexto se insere o objetivo geral da CFE 2016: “Assegurar o direito ao saneamento básico para todas as pessoas e empenharmo-nos, à luz da fé, por políticas públicas e atitudes responsáveis que garantam a integridade e o futuro de nossa Casa Comum”.

Como apresentado pelo padre, a implantação do saneamento básico torna-se essencial à vida humana e à proteção ambiental, sendo uma necessidade para que todos possam ter a vida saudável que se acredita ser desejada por Deus. A pedido do padre Leandro, disponibilizamos sua apresentação, que sintetiza o texto-base da campanha e detalha os pontos abordados por ele, neste link.

O ponto referente a “julgar” foi apresentado pelo pastor Robson Cotrim, da Igreja Evangélica Congregacional de Cruzeiro, que definiu o julgar como “iluminar o assunto pelo caminho da fé”.

Tratando do ensinamento de Jesus (citado no evangelho de Mateus) de que seja o falar “Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna”, o pastor explicou que não há redundância, pois Jesus está ensinando que “o sim que sai da sua boca deve ser o sim que se encontra nas suas entranhas, e o não que sai da sua boca deve ser o não que se encontra nas suas entranhas”.

Assim, o pastor Robson chamou à responsabilidade os “filhos de Deus – aquelas pessoas que quando falam algo com a boca, realmente é aquilo que querem dizer com seu coração”. Comentando o tema da ecologia, o pastor concluiu que Deus colocou a natureza sob responsabilidade administrativa do homem, e realizou ainda uma oração pedindo que fossem abençoados todos os presentes, e também aqueles que têm o poder nas mãos, citando estar presente “em uma casa em que decisões importantes são tomadas para o bem comum da nossa cidade”.

A parte dedicada ao “agir” foi apresentada pelo secretário de Educação do município, Mário Costa, como assessor da Campanha da Fraternidade. Ele apresentou que a ecologia de que trata a Campanha se refere não apenas ao aspecto ambiental, mas a um conceito integral, pensando o planeta; ecologia como o estudo da casa, do ambiente onde nós compartilhamos recursos.

Para o secretário, uma sociedade democrática exige políticas públicas – ações e planejamentos para garantir que os nossos direitos sejam efetivados e para que possamos viver e exercer nossa cidadania. A educação também entra como um ponto importante, pois é preciso formar população para exigir seus direitos e cumprir seus deveres, pois o direito só existe quando se cumprem deveres.

Mário falou ainda do aspecto ecumênico, enfatizando a importância de romper barreiras para que as diversas crenças caminhem juntas em torno de um compromisso. Para que a casa seja comum, é necessária a ação “de maneira correta, com o pensamento correto, e com vontade”. O trecho apresentado pelo professor Mário está disponível na íntegra neste link.

Saneamento no município de Cruzeiro

A fala seguinte foi do presidente do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (COMDEMA), Elias dos Santos, que iniciou apresentando o Conselho, que existe desde 2010 e, assim como os outros órgãos semelhantes, trata-se de um ente do poder público, não do governo municipal, além de fazer parte do Comitê da Bacia Hidrográfica do Paraíba do Sul. Segundo Elias, é muito sentida a ausência dos agentes públicos no Comitê.

Ele citou também que a Serra da Mantiqueira, utilizada como “caixa d’água” do município, foi considerada em um ranking da Union for Conservation of Nature (União Internacional para Conservação, em inglês) como o 8º local de área protegida mais insubstituível do planeta, enfatizando que a população pode pagar muito caro se não cuidar desta “caixa d’água”.

Elias enfatizou a necessidade de diminuir o desperdício de água no município e de elaborar o Plano Municipal de Saneamento Básico, além da urgência em solucionar a falta de tratamento de esgoto, tendo um cuidado especial para não contaminar a Bacia do Paraíba do Sul.

O último a ocupar a tribuna na solenidade foi o diretor do SAAE, Luiz Horta, que representou o poder executivo municipal. O diretor informou que no dia 16/02 havia saído a outorga para instalar quatro poços artesianos no município, sendo que cada um deles vai bombear cerca de 100 mil litros por hora (1700 por minuto; 27 por segundo). Segundo ele, hoje a principal fonte de água de Cruzeiro tem vazão de 210 litros por segundo.

Horta relatou que em cerca de três meses deve ser implementado o primeiro poço, e que a administração municipal irá buscar também a outorga para extrair água do rio Paraíba. Há também o plano de construir um reservatório de grande porte, semelhante ao da Cantareira.

Pelo plano elaborado para a área de saneamento do município, o primeiro passo é garantir novas fontes de água, para depois planejar investimentos em tratamento de esgoto, pensando em soluções que permaneçam em longo prazo.

Fonte: Coordenadoria de Comunicação Social / CMC